Foi rabiscando a vida que descobri o quanto o papel tem valor.
Quando rabiscava a vida nas folhas do diário que escondia para que ninguém pudesse ler.
Por quê? Pra que escrever o que não se pode ser lido?
Rabiscava para refrigerar a mente, inquieta, impaciente, expor a imaginação inimaginável, das criações incógnita, se dissipando a cada palavra, se revelando a cada frase, sem perceber rabiscava minha vida.
Foi rabiscando o caderno sem prestar a tenção a aula que me envolvia em um mundo, um universo so meu, onde descobri que eu podia voar e não precisava de asas para isso, nem de um avião.
Rabiscando e rabiscando, pintando os corações que diziam que eu estava apaixonada, desenhando as lagrimas que expressavam minha angustia, rabiscando novamente o amor e tudo que ele traz consigo.
Sorrio ao ler os rabiscos.
Sonho, revivo, relembro, sinto nesses rabiscos.
Rabiscando, rabiscando a vida nas folhas mágicas que ate então sem meus rabiscos eram sem graça, sem cor, sem nada, um vazio infinito de linhas em vão.
Rabiscando a vida no papel, o amor, a magoa, a alegria, rabiscados também no meu coração.
Descobri que também minha alma é rabiscada.
Rabiscada pela felicidade, pela dor, pela saudade, não existe rabisco mais profundo que esse ultimo.
Que rabisca maltratando o papel a cada ponto final, dilacerando o rabiscador.
Os rabiscos do coração, como o de minha alma você pode ler, mesmo que não entenda, porem os rabiscos invisíveis do meu corpo, rabiscado pela vida enquanto eu também a rabiscava, esses rabiscos...
Vou rabiscando por ai, por aqui, rabiscando ali também, me deixando rabiscar.

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